domingo, 10 de agosto de 2008

...A Coisa Toda...



No Sábado entrei em casa aos prantos, meu coração batia num ritmo desordenado como que perdido, não sabendo mais o seu lugar, meu namorado ficou assustado e eu lhe contei sobre o que pensava...

Estava num ponto de ônibus ás 11h00min da manhã esperando o ônibus que me deixaria na porta de casa, o dia estava frio e eu estava bem agasalhada e com um guarda-chuva daqueles grandes, daqueles verdadeiros que não são sombrinhas, esperando que o dia piorasse o seu humor. E vi numa espécie de banco cimentado encostado a parede, duas crianças lindas e bem diferentes uma da outra, uma deveria ter uns sete anos a outra uns três no máximo. A de sete estava vestida com um conjunto de moletom daqueles que parecem masculinizar as meninas, mas era uma menina, uma menina que parecia um menino, com penteado de menino, roupas de menino, mas com um rosto doce e feminino, era branca, magra e tinha os cabelos castanhos bem claros. A outra pequenina parecia mais uma chinesa, tinha um cabelo bem preto, um olhinho puxado para baixo e roupinhas quentinhas e coloridas de crianças nessa idade.
A mãe carregava algumas sacolas de compras, pousou-as sobre esse “banco” ao lado das meninas e olhou na direção em que o ônibus deveria vir.
Não vi como foi, porque também olhava para a direção dos ônibus, mas de repente ouvi um barulho pesado e agudo vindo do chão.
Quando olhei, uma garrafa de vinho manchava o chão, e a mulher, que deveria ser a mãe ficou furiosa e começou a gritar chamando a atenção das outras oito pessoas que estavam no ponto de ônibus conosco.
Ela praguejava, tentando salvar a garrafa ou o conteúdo dela e depois que percebeu que era vã a tentativa virou-se contra a menina menor e deu-lhe alguns fortes tapas no rosto, na cabeça, nas mãos, e no peito indicando toda a culpa que ela tivera pelo incidente, a menina sem saber exatamente porque apanhava (acredito eu) começou a chorar, e então a mulher continuou batendo nela com algumas pausas sempre dizendo para a menina porque ela estava apanhando, e que ela não deveria ter sido tão xereta, e que ela pensava que dinheiro caia do céu para quebrar aquilo daquela forma, entre outras coisas e muitos palavrões.Parou por alguns instantes depois voltava a dar tapas na menina, assim bem de repente, como que querendo pega-la desprevenida, a irmã (ou não) segurava a menina no colo e falava baixinho ao seu ouvido coisas bonitas, falava da cor dos carros que passava, e de como o silencio era bonito (eu lia seus lábios), e a menininha sentindo-se mais segura parava de chorar e colocava a mão na boca para não fazer barulhos.A mãe vendo aquela cena teve uma estranha reação, e bateu novamente com a mesma força na mão da menina dizendo: “Tire esses dedos da boca!”.E a menininha voltava a chorar de dor pelo tapa, e a mãe voltava a reclamar pelo prejuízo, essa cena se repetiu, e parecia que a mãe queria que a menina voltasse a chorar quando a batia ao mesmo tempo que dizia: “E para de chorar!”.
Da terceira vez então, a mãe se irritou com a irmã mais velha e lhe deu também alguns tapas dizendo que a culpa também era dela, a irmã mais velha, que até então era a única pessoa madura e humana naquele lugar começou a chorar ainda tentando acalmar a irmã, mas suas lágrimas tinham peso maior, doíam mais em todos os lugares.
A mãe continuou não como quem educa um filho pela metodologia mais severa, mas como quem sentia prazer em ver, ouvir e sentir o sofrimento alheio, deu-lhe um empurrão na cabeça que quase a tirou do colo da irmã, e foi só ai então que eu gritei...


Continua...

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